3 de agosto de 2012

Sandy canta com Milton Nascimento hoje

Cantor e compositor celebra 50 anos de carreira com shows nos quais revê seus grandes sucessos. Para a apresentação em São Paulo, ele convidou a cantora Sandy

Milton Nascimento diz que "dói" ter que escolher entre uma ou outra música para entrar no repertório do show.

Neste ano, Milton Nascimento completa 70 anos de idade e 50 anos de carreira. Como as duas datas merecem comemorações, ele está em turnê com o show Milton Nascimento – 50 anos de voz nas estradas. 

Reverenciado por músicos do mundo todo, o carioca de alma mineira revê seus grandes sucessos e se prepara para a gravação do DVD da turnê, em outubro. Nesta quarta-feira (1º), ele se encontrou com a imprensa de São Paulo para falar da apresentação que faz na cidade na sexta-feira (3), no HSBC Brasil. 

O show tem a participação fixa do amigo e companheiro de Clube da Esquina Lô Borges. Para a apresentação em São Paulo, Milton convidou a cantora Sandy, com quem deverá dividir o palco em duas canções. 

Apesar da turnê já ter passado por Belo Horizonte e Brasília, Milton guarda certo mistério sobre o que canta no show. “É melhor assim. Prefiro fazer surpresa e depois ouvir o público reclamando que falta essa ou aquela outra. Porque eu também reclamo muito”, diz. 

Segundo Milton, que tem mais de 400 composições, o repertório foi escolhido com a ajuda de seus produtores e amigos. “Cada vez que alguém dizia uma música, outra pessoa lembrava de mais uma. Dói muito decidir”, afirma Milton que diz que tentou seguir uma ordem de acontecimentos. Entre as que ficaram de fora, lamenta por “Planeta Blue”, parceria com Fernando Brant da década de 80. 

Milton também não revela o que Sandy vai cantar. Diz apenas que não é a canção “Duas sanfonas”, gravada pela cantora no disco Gil & Milton (2000) quando ainda fazia dupla com o irmão Júnior. Na verdade, uma lista com algumas músicas foi sugerida à cantora, entre elas “Morro velho”, gravada por Milton em seus primeiro disco, de 1967, e por Elis Regina dez anos mais tarde. 

O show que Milton fará em São Paulo tem preços mais acessíveis do que apresentações de grandes artistas costumam custar em média. O ingresso mais caro sai por R$ 100, o mais barato, R$ 60, no valor inteiro. Estudantes, aposentados e professores estaduais pagam meia-entrada. O show de Maria Rita, por exemplo, que acontece entre os dias 10 e 12 de agosto, também em São Paulo, tem entradas de R$ 80 a R$ 200. 

A turnê Milton Nascimento – 50 anos de voz nas estradas foi contemplada pelo edital da Natura Musical. A empresa também produziu um vídeo de Milton cantando uma versão de “Nos bailes da vida”, acompanhado apenas por piano, que será exibido em salas de cinema por todo o Brasil. Na gravação, ela diz que gosta da vida cercada de amigos, da casa cheia e se diz muito satisfeito. “Sou muito feliz com a vida que Deus me deu”, diz. 

“Peçam para eu contar uma história que conto cinquenta” 

Milton Nascimento sempre foi conhecido por sua timidez. Ele mesmo confessou isso por diversas vezes. A biógrafa de Milton, a jornalista mineira Maria Dolores, autora de Travessia – A vida de Milton Nascimento, afirma que esse traço da personalidade do artista às vezes é confundido com certa antipatia. 

Mas não é bem assim. Milton gosta de estar cercado por amigos e afilhados – ele diz que tem 116 – e contar suas histórias. E são muitas. No encontro com a imprensa, o compositor recordou algumas. 

Um dos capítulos mais lembrados de sua carreira é o Clube da Esquina, uma reunião de Milton com os mineiros Lô e Marcio Borges, Beto Guedes, Fernando Brant, Wagner Tiso e Toninho Horta e o carioca Ronaldo Bastos, que resultou em diversas composições e dois discos, Clube da esquina 1 (1972) e Clube da Esquina 2 (1978), além de uma grande amizade entre eles. 

Milton se lembra muito bem de como tudo começou. Já morando no Rio – a essa altura, o artista já tinha lançado quatros discos solos, ele foi até Belo Horizonte procurar os irmãos Borges. Encontrou Lô tocando violão em uma praça e sugeriu que o papo continuasse em um bar, onde ele tomaria uma batida de limão e Lô um refrigerante. Mas, para sua surpresa, Lô o acompanhou na bebida alcoólica. Foi aí que Milton percebeu que seu amigo já não era mais um menino (Lô tinha 17 anos, e eles têm dez anos de diferença de idade). 

Saindo do bar, foram para a casa da família Borges e começaram a tocar. “Eu fechei os olhos, viajo mesmo quando toco. Quando os abri novamente, Márcio (irmão de Lô) estava escrevendo uma letra em um caderninho e a mãe deles, na porta, chorando”, diz Milton. Era a canção “Clube da esquina”. 

Com autorização da mãe de Lô, Milton levou o jovem amigo para o Rio. Decidiram, então, reunir um grupo para fazer um disco. “A gravadora não queria. Dizia que não ia gravar um disco duplo meu com um cara desconhecido”, conta Milton. 

O álbum só saiu graças à intervenção de um funcionário da gravadora Odeon, Adair Lessa, que pediu uma chance aos “meninos”. “Foi o mesmo cara que convenceu a mesma gravadora a deixar Tom Jobim, João Gilberto e Milton Banana gravarem o LP Chega de saudade”, diz, sobre um o disco considerado o marco da bossa nova. 

Milton ainda contou histórias envolvendo os músicos Wayne Shorter e Miles Davis. O primeiro, segundo ele, ficou encantando com os shows do Clube da Esquina. “Ele veio ao Brasil se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e saiu correndo após as suas apresentações para nos ver tocar”, diz. 

Foi Shorter que apresentou Milton ao Miles, o que, segundo Milton, causou certo ciúmes. “Miles ficou bravo por ter sido o Shorter quem me descobriu, por isso não me dava muita bola. Mas nas entrevistas que dava pelo mundo dizia para prestarem atenção em um ‘criolinho brasileiro que tocava violão’”, diz Milton. 

Antes de deixar a sala onde concedeu a entrevista, Milton disse, voltando-se aos jornalistas: “Estão vendo? Peçam para eu contar uma história que conto cinquenta”.


Fonte: Época



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