O italiano Andrea Bocelli, 54 anos,
chega ao Brasil para show único em São Paulo, na quinta-feira (13) com laços
brasileiros reforçados. Sandy, que cantou com ele um de seus maiores sucessos
no país, "Vivo por ella", ainda em 1998, é uma das convidadas do show.
"Quando fizemos juntos 'Vivo por ella' notei uma menina cantando. Alguns
anos depois, quando voltamos a trabalhar, encontrei uma artista madura e uma
mulher ao mesmo tempo elegante e encantadora", diz Bocelli em entrevista
ao G1.
O novo disco
"Passione", a ser lançado em 29 de janeiro, tem sua primeira gravação
em português, "Garota de Ipanema". A paixão por bossa nova é antiga.
"[A música brasileira] chegou às minhas fibras, faz parte da minha
formação cultural, porque eu a amei, estudei, celebrei e vivi intensamente",
diz Bocelli. Na entrevista abaixo, o cantor, que comemora 20 anos de carreira
em 2012, também fala sobre "Ai se eu te pego", de Michel Teló,
sucesso na Itália: "Achei cativante, divertida e sensual."
Você está
completando 20 anos de carreira profissional em 2012. E daqui a 20 anos? Como
acha que vai estar em 2032?
Andrea Bocelli -
A voz é um dom que recebi e pelo qual não tenho mérito. Tentei honrar esse
talento com muito estudo e dedicação. Tenho tido muita sorte, porque a música
me deu muita visibilidade e riqueza. Penso na possibilidade de acordar um dia e
não achar a voz que tentei construir e manter ao longo dos anos. Vou continuar
a cantar até que o bom Senhor me permita, mas na crença de que a vida oferece
um número infinito de outras coisas boas para fazer.
Já passei dos 50
anos e me tornei pai novamente há alguns meses, por isso ainda há tempo para
navegar! Em 2032 minha filha Virginia vai ter vinte anos... Seria bom, se Deus
quiser, poder dar os parabéns a ela cantando.
Sandy e Andrea Bocceli no clipe de "Vivo por ella", de 1998 (Foto: Reprodução / YouTube)
G1 - Em 2011,
você cantou no Brasil com Sandy. Você tem planos para cantar com ela novamente
em São Paulo? O que pode adiantar sobre o show?
Andrea Bocelli -
Confirmo a presença dela. No palco, será uma alegria ter Sandy. Ao meu lado,
vou ter também a [cantora cubana] Maria Aleida o belo e valente quarteto vocal
[italiano] Div4s. Na primeira parte, canto peças mais líricas (incluindo
trechos de “Romeu e Julieta” de Gounod, que gravei recentemente). Seguido por
uma série de canções napolitanas muito populares que se tornaram clássicos e as
peças mais pop do repertório.
Andrea Bocceli -
É um exemplo brilhante de uma promessa cumprida! De criança prodígio a artista
adulta madura, Sandy foi capaz de capitalizar seus talentos, apesar da
responsabilidade, e vencer o risco potencial de uma reputação obtida em idade
precoce. Quando fizemos juntos "Vivo por ella" notei uma menina
cantando. Alguns anos depois, quando voltamos a trabalhar, encontrei uma
artista madura e uma mulher ao mesmo tempo elegante e encantadora.
G1 - Sandy tem 29
anos, e lançou uma música sobre a idade ["Aquela dos 30"]. O que você
se lembra dos 30 anos? Que conselho dá a Sandy sobre essa fase da vida?
Andrea Bocelli -
Eu não acho que uma artista tão talentosa e competente precisa de conselho. A
vida segue o seu próprio caminho, os erros são inevitáveis (eu mesmo cometi
muitos). O que pode ajudar, em geral, mais que conselhos, é o amor e o exemplo
dos que nos rodeiam.
Aos 30 eu tinha
meu futuro profissional pela frente, muito diferente de hoje. Embora meu
público expressasse uma aprovação unânime, as tentativas até então no mundo do
entretenimento não tinham produzido resultados. Depois de me formar na
faculdade de direito, trabalhar na área era a saída natural. Meu irmão se casou
naquele ano, e eu - ainda não casado - continuei minhas buscas na atividade
musical, com decepções.
Do ponto de vista
vocal, aos 30 anos, o jovem tem experiência parcial... A voz, como a
caligrafia, diz quem você é, descreve sua bagagem: ao longo dos anos, cada
leitura e cada meditação contribuiu para a formação de um intérprete.Talvez
quando eu tinha trinta anos a minha abordagem para cantar era mais leve, ou
menos densa. Hoje, para o melhor ou para o pior, quando eu chego ao palco, eu
tenho um peso diferente, uma "vida" que reverbera fatalmente
cantando.
Andrea Bocelli -
Além de uma menina de poucos meses, eu tenho dois filhos adolescentes. E isso
aconteceu mais de uma vez em que eu os acompanhei a alguma festa ou boate: a
música toca bastante ao longo da costa de Versilia, na Toscana, onde eu vivo há
muitos anos. Achei cativante, divertida e sensual.
G1 - Quando você
começou a cantar em bares na Toscana, te pediam músicas brasileiras?
Andrea Bocelli -
Na época em que eu estudava, tinha a mesma paixão por tocar Bach ao piano,
cantar árias de ópera, ou cantar as maravilhosas canções de Tom Jobim. Quando
eu cantava em bares na Toscana seis dias por semana, nunca houve uma noite em
que não me pedissem "Garota de Ipanema" ou "Corcovado". Não
sei hoje, o nível exato de influência brasielira no meu trabalho, mas posso
dizer que chegou às minhas fibras, que faz parte da minha formação cultural,
porque eu a amei, estudei, celebrei e vivi intensamente. Os ritmos de seu país
estão na trilha sonora da minha vida.
Andrea Bocelli em
São Paulo
Quando:
Quinta-feira (13), às 21h
Onde: Jockey
Clube - Avenida Lineu de Paula Machado, 1263
Quanto: De R$ 170
a R$ 2 mil
Ingressos:
livepass.com.br
Fonte: G1
Twitter @SandyLeahBlog
Facebook http://on.fb.me/rYPqx7
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