Aos 30 anos, Sandy viu o sucesso e a incerteza baterem à porta. Três décadas de vida, 20 anos de carreira e a
vontade de abraçar o mundo. Formou-se em letras, encarou o fim da dupla com o
irmão Júnior — após 17 milhões de discos vendidos — e casou-se. Já não era mais
aquela criança fofa de maria-chiquinha e agora investia na imagem de mulher
“devassa”. Mas, não tem jeito: o perfil de boa moça lhe cai bem. Justamente
porque não é artificial. Em entrevista ao Correio, ela revela que cansou de
ficar “mais tempo apagando incêndios do que cuidando da própria vida” e fala
sobre política, influências sonoras e o segundo disco solo, o recém-lançado
Sim.
Ao contrário do álbum anterior, Manuscrito, que anunciava
uma ruptura, Sim nasce sob o signo da autoafirmação. Nesta nova fase, ela
também se comprometeu com todos os detalhes da produção, da composição das
músicas ao cenário do show, começando pela escolha dos produtores: o marido
Lucas Lima e o americano Jason Tarver. Agora Sandy flerta com o pop e a música
popular brasileira, mas é categórica: “Não quero virar uma cantora de MPB”.
Você diz sim para as manifestações nas ruas do Brasil?
Com certeza. Estou impressionada, não pensei que fosse viver
para ver algo tão impactante. É como dizem: o gigante acordou. A população não
aguentou mais ser feita de boba. Não tive como participar, porque iriam me
assediar e tiraria o foco do que é mais importante. Mas gostaria de estar lá. O
Lucas, meu marido, está nas manifestações em Campinas. Uso as ferramentas que
tenho à mão. Uma delas é a sensibilidade. Sempre a utilizo a favor de causas
importantes. Exponho as minhas opiniões nas redes sociais, mas prefiro não me
aprofundar demais. Não falo mais do que qualquer cidadã que se indigna com
corrupção, com a PEC 37 e com todos os motivos que levaram o povo a se fartar.
Eu me indigno, mas não entendo muito do tema para dar uma opinião fundamentada,
mais válida do que a de qualquer outra pessoa.
Qual sua posição em relação ao casamento homoafetivo?
Sempre fui favorável. Nunca escondi de ninguém. Todos os
direitos têm que ser garantidos igualmente para todas as pessoas,
independentemente da orientação sexual.
A música Aquela dos 30 diz que, dos 20 ao 30, você passou
por uma fase em que esperava grandes mudanças. O que aconteceu de mais
significativo nesse período?
Como diz a música, eu achava que em 10 anos viveria uma vida
e não me faltaria tanto para ver. É um sentimento de todos. Mas me dei conta de
que faltava ainda muita coisa para fazer. É importante saber reverter isso. Se
o tempo está passando rápido, vamos aproveitá-lo da melhor maneira. Não tive
muita crise. Vi a chegada desta nova fase de uma maneira bem-humorada, porque é
assim que temos que encarar. Esses momentos de questionamentos são bons. Peguei
esse limão e fiz uma limonada. Mudei de atitude, tentei fazer mais coisas. E, quando
eu ficar mais velha, vou aproveitar a vida da mesma maneira.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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